ENQUANTO


Enquanto recolho o rastro das últimas estrelas, desembaraço os fios do pensamento em arrepio que um forte vento soprado na madrugada fez o favor de emaranhar. Caminho numa calma aparente pela areia com os pés descalços e mãos despreocupadas e a brisa que o mar respira, me abraça como entendesse a multidão que me habita nesse instante. É vasto o mundo que, em segundos, percorro e horas são caras no agora que me aflige, Sobram sombras que me assombram; são as sobras de um nada que insistia visitar. Desisto...Espraio-me na areia quase morna enquanto o mar inteiro escorre pelos meus olhos ressacados em arrastão. Embriagada de maresia, uma sonolência breve anestesia a mente aquietando temporariamente o alvoroço desses pensamentos-fios. Adormeço e sonho azul...Enquanto, de leve, os dedos do sol me fazem cafuné...

ENQUANTO - Lena Ferreira - out.13

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