pés de passarinho



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Ah, Mário...

Se por aqui ainda andasses com teus pés de passarinho e letras aladas quintaneando o teu silêncio, confirmarias o alvo certo do teu aforismo sobre o tempo que, com passos assustadoramente fungíveis, engole fatos, fotos, ventos, velas, elementos, vulneráveis sentimentos que julgava enraizados em terreno sadio...

Bem dissestes há tanto tempo e o dito permanece imutável. A não ser pelo próprio espaço que, caduco, não consegue acompanhar a avalanche de informações que chegam de toda parte e reparte a mente em tantos pedaços sem que cada parte partida absorva, verdadeiramente, o que há em cada fato.

Os tempos são outros, Mário, são sim...

Adornam a distância com a própria distância, entornam à inconstância bem mais inconstância, encaixam conveniências às sanguíneas convivências em toques progressivamente frios e superficiais.

Porém, tranquilizo-te, poeta. Deitar-me-ei sobre as mais improváveis considerações. Tuas e minhas, fazendo-as nossas...

E assim, sereníssima, consciência tranquila, caminharei sob tuas impressões atemporais, que leio e releio nesta hora e me convencem delicadamente à cumprir a promessa de não levar para o túmulo o acúmulo do tudo que posso fazer no agora.

Marilene Ferreira de Oliveira

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