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Mostrando postagens de novembro, 2015

EVOCARE

Os dias que evoco não listam o sol nem a chuva não chamam riso nem pranto não acertam retas nem curvas não servem servos ou santos não clamam brisa ou vento não pedem juízo ou loucura não falam à dor nem ao alento não dizem veneno ou cura Os dias que evoco não têm certezas nas folhas mas, sei que o seu epicentro é fruto das minhas escolhas somadas ao que carrego por dentro EVOCARE - Lena Ferreira -

SAMSARA

Pelas ruas espessas caminham as respostas apressadas, apreçadas e as compromissadas com o fio, o do meio entre elas, passeio sem receio ou espanto vez ou outra, me expresso sim, às vezes, tropeço entretanto, levanto e retorno ao passeio onde busco em samsara sem demora e sem pressa o que me interessa: a pergunta mais clara SAMSARA - Lena Ferreira -

NO ALTAR DO VENTO

O que tenho, e que me alivia, são os versos que, humanamente, teço esses que, de tempo em tempo, despretensiosamente, ofereço acesos, aos pés do altar do vento Enquanto queimam, observo: a qualquer noite ou qualquer dia, um de seus fragmentos, para a  minha alegria, há de se tornar verbo NO ALTAR DO VENTO - Lena Ferreira -

SIM, EU SEI

Sim, eu sei que a vida corre a galopes. E sei também que, às vezes, nos dá duros golpes. E por saber dessa dureza é que me encontro diante do mar que sempre, sempre está pronto a me receber, a qualquer hora ou sentimento. A me perceber, sem o peso da censura ou julgamento. A me envolver, seja na tristeza ou na alegria. E a me devolver, ao sabor da maresia, as notas da canção que tão bem me faz à alma. As mesmas que depois carrego bem no meio da palma da mão que tenta segurar a barra da saia onde uma onda ensaia aconchegar espuma e sais. Permito. Justa é a troca, é pelos ais das manhãs estendidas numa elevada quentura. Pelas tardes minguadas na espera da brandura. Pelas noites cumpridas em lua quando, em teima, insisto. Sim, eu sei que a vida margeia o imprevisto. Entre perdas e ganhos, sins e nãos, riscos e danos. Desobediente às regras e aos arquitetados planos, é a vida e é assim: corre a galopes e o tempo tempo, evapora, mas diante do mar, corpo, mente e alma se revigoram.

A4

Lança sobre mim esse olhar de outono e, com suas letras instintivas na dança do impulso sobre a linha da vida, da morte, do meio e na sina precipita-se em inventadas verdades abismando mágoas reativas ilusões macias e realidades duras, cítricas, sereno e curas paixões fugazes e fantasias deita amores, dores e euforias e, com dedos de um pulso abandono planta em minha virginal alvura as sementes sazonais e nativas que o vento traz, não sei de onde, revelando enquanto, pensa, esconde em verso avulso pelas entrelinhas, o ramo, o remo, o rumo e a mira que o impulso expulsa; livre ou rima A4 - Lena Ferreira -

REPRISE

Passou por mim como se fosse um vento Que estica o arco e sua flecha lança Ingênua, imaginei que, tão criança, Corria em busca de divertimento Mas, na *Avenida em congestionamento, Lastrava os traços de suas andanças: Cordões, relógios, carteira, alianças Iam, do dono, a um compartimento Localizado entre a cintura e o bolso Onde uma faca, sem nenhum esforço, Ferramentava o célere ofício Como reprise em salas de cinema Quem vai dispor atenção ao problema Que mata a infância depois do princípio? REPRISE - Lena Ferreira - *Avenida Presidente Vargas - Centro - RJ

ECO

Fosse só essa certeza que não tenho tudo o mais seria facilmente resolvido o prognóstico dormiria a sono solto na gaveta juntamente com os sintomas e as premissas As frases todas, desconexas, insensatas não reclamariam bengalas nem aros nem convocariam receitas ou resgates e as taxas seriam bem menos notadas O eco voltaria um pouco mais preciso, esquecido do estreito e rouco pigarrear e a torrente dos internos desgastes ciciando por socorro, já estaria extinta Mas não... A teimosia veio anexa ao pacote onde o simples suspirar é exercício tão difícil, o vício debruça-se qual dança do ventre sem música... ...em brasa Resta-nos a espera pelo tempo-remédio ou uma dúvida mais certa ECO - Lena Ferreira -

às tristezas deste dia

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... Elevo o pensamento aos que já não estão neste plano, mas, que fizeram parte da minha jornada deixando marcas, ensinamentos, lições... E agradeço sinceramente pela oportunidade do convívio e da troca que nos foi permitida até o momento da passagem. Certo que uma ponta de tristeza pela ausência física nos abate, principalmente neste dia (de finados). É fato que nada conseguirá preencher o vazio deixado, mas saber que compartilhamos alegrias, sorrisos, abraços e vida, se não sara a ferida, ao menos suaviza a dor da perda e com a lembrança de tudo o que vivemos juntos, deixo escapar um sorriso tímido mesmo com o peso de uma saudade infinita, mas tão bonita... Que, de certa forma, me consola. Meu profundo respeito às tristezas deste dia acompanha a quase certeza de um reencontro mais adiante.   - Lena Ferreira -