AOS POUCOS
Já não morava mais em si quando a razão bateu-lhe à porta cobrando explicação. Do que, já nem se lembrava na verdade. A última visão com claridade foi aquele olhar inquisitivo acerca dos deslizes recorrentes. Lembra-se bem que, na hora, só riu. Um riso largo que, exibindo os dentes, escondia perfeitamente o que caminhava por dentro. Quantas estradas...Quantas curvas camufladas em linha reta... Ninguém sabia. Enquanto ria, percorria o interior em busca da resposta que não vinha e, adivinha? Na procura, deparou-se com cicatrizes remotas, semi anestesiadas. - Susto! Supunha-as cauterizadas! Ah, essa alma que não cala. Ah, essa alma que, só, fala. Fala, fala e fala alto! Resultado: aos sobressaltos, os cortes acordaram, murmurando dores, estios, temores, sangrando lamentos, impingindo-lhe tormentos... Rasgou-lhe, então, um olhar estupefato, catatônico. Da vírgula pro hiato, dois pontos: quisera um ditongo, uníssono, leve, marcado indelével no peito por dent