Lá fora, o mundo tá um caos, é certo. Mas, aqui dentro não é muito diferente. A gente ameaça explodir mil vezes. E, quando explode, perde a cabeça. Ou seria o contrário? Sei lá... E não é raro. Aí, meu caro, o que foi já era. Espera a calma voltar noutro itinerário. Não há mais como voltar atrás. Nada há, aliás. O que passou, já não passa mais. E, se insistir, o presente amarrota a rota, o rumo, o lema e a lima desafia, perde o corte e chama a morte para a vida. Em vida. Lá fora, o mundo tá um caos, é certo. E o que eu disser não vai mudar o mundo. A não ser que o que eu diga, eu faça. Que não passe de mais uma ameaça. A não ser que o que eu diga, exploda o motivo em ação. Enquanto não, sim, me concentro nessa viagem, não menos caótica. Olho no ego, como diz-me a ótica. Caos por caos, ainda prefiro viajar pra dentro. - Lena Ferreira -
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Mostrando postagens de abril, 2017
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gosto quando chega assim mansinho quieto e fazendo um carinho nos cabelos e na pele gosto quando chega de surpresa bravo e com certa rudeza tangendo o que me impele gosto quando percorre os céus meus e, soprando as nuvens-breus, sussurra o que me alivia gosto de tudo o que leva e traz e do muito que é capaz: fecundar-me poesia
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não me perturba esse olhar quase cativo debruçado da varanda do meu pensamento esparso e muito menos quando vai assim, lascivo, e impregna com lavanda todo o canto em que me espaço quando desfila descuidado entre as rotinas, planta infinitas surpresas no jardim destas retinas e essas meninas, que já viram tanto, tanto - vida, morte, riso, pranto - veem-se diante deste espanto: não se perturbam com o instante em que as contemple, mas enlouquecem quando planta um para sempre
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no vão do verso que escorre pelos meios vão os anseios e tremores segregados vão ocultos entre a pele, a renda e os seios implorando virem ao mundo saciados carregando incertezas, sem receios vão em fuga entre os dedos acelerados e, esbarrando na tintura dos enleios, pingam letras de um pressuposto pecado transpirando, o verso e o inverso, já sem freios, incendeiam as entrelinhas - fascinado, transitando pelas linhas, enquanto os leio, questiono porque são tão censurados :no verso, vão da alma, estio e esteio serei mais um entre esses crucificados?!
INDICO - Divulgando livro
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quem há de ouvir meu grito quase, quase mudo que corre pela mata em dores de agonia a mesma mata que nos pertencia de onde tiraram quase, quase tudo das nativas árvores ao infinito espaço restou bem pouco e pouco a cada dia da caça, bem colhemos o cansaço de retornar com as mãos quase vazias colonos há que muito tempo trazem doenças não civilizadas na bagagem arcos, flechas, mortes, penas misturam-se à pena será que o futuro, perto, nos condena? quem há de ouvir meu grito do dia após dia que, mudo, põe a boca aos pés da poesia? * - à proposta NÃO TEMA O TEMA do Terça ConVerso no Poesia Simplesmente de 18/04/2017 -
INDICO - Terça ConVerso
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Assim previu Raquel Naveira na fortuna crítica do primeiro livro de Luiz Otávio Oliani, o FORA DE ÓRBITA, em 2007: “Livro enxuto, simples e profundo. Os concisos poemas têm oralidade e ritmo. (...) Tenho certeza de que, com elegância, você continuará esboçando poemas em construções silenciosas”. Passados dez anos, construída uma trajetória de engajamento literário e social invejáveis, eis que presencio e me delicio com a premonição perpetuada no evento POETA SAIA DA GAVETA , dirigido por Teresa Drummond e coordenado por Neudemar Sant’Anna. No lançamento dos seus sétimo e oitavo livros A VERTIGEM DAS HORAS e A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA, contando com a presença marcante dos poetas Sérgio Gerônimo, presidente da APPERJ, Mozart Carvalho, Jorge Ventura, Tanussi Cardoso, Celi Luz, Marisa Sorriso, Neli Madsen, Cacau Leal entre outros tantos poetas singulares, Oliani fideliza a sua estética lírica consciente da necessidade do burilar a palavra. Sem pressa. Primorosamente. De
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contenta-me o diálogo extenso de olhos fechados e de peito aberto das distâncias seguras transitando de leve entre o assento e o acento o acessório e o necessário entre a brisa e o vento o trevo e o escapulário entre o siso e o intento o justo e o arbitrário sobre a greve e o entrave livre às conjecturas sentido e itinerário cuidador das três aves: a textura e a postura e o consentimento desse “eu” que é ser vário
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consagro os teus dias sem promessas assim como essas noites de estrelas silentes que, penduradas num céu todo independente, velam pelos ventos nascidos com pressa - sem julgamento - nesse momento, bebo da taça onde farta o vinho tinto da existência de nós dois e embriagada, deixo fique pra depois tanto lamento à tua falta
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pensei-te um vento intacto que, soprando sobre as nuvens que não se dissolvem, sibilaria mansidão e calmaria facilitando o escoar das estranhezas além da correnteza do esquecimento num gesto sensato deitaria uns chuviscos de passagem nas folhas do querer ser mais um dia aerando a fluidez do pensamento na vaga entre o concreto e o abstrato um vento exato, pensei-te, além das ondas onde impacto
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O gato se divertia sozinho com a poeira suspensa. E eu preocupada com a maneira tensa com a qual o vizinho de frente resmungava em relação à barulheira provocada pela obra na casa seis. Pudera. O operário dava início ao trabalho antes do horário permitido e se estendia até quase anoitecer, sem pausa. Urgia concluir o serviço a tempo de colocar outro orçamento na roda. Tempos difíceis esses em que construir é raro e caro e o dinheiro, necessário para o mínimo, anda escasso. Há de se aproveitar cada chance de suor digno e assim ele fazia. Com pressa calculada, sem desprezar o profissionalismo. Não me incomodava o barulho. Inspirava até. Era como se cada batida na velha parede acordasse a sede por reformas. Como se cada saco de entulho no despejo estimulasse o desapego das coisas que perderam a sua função. Tanto assim que nem contava os dias esticados pelo vozerio da serra, do martelo e de toda conversa entre as ferramentas. Mas o vizinho da frente sabia direitinho. E fazia questã
POETA SAIA DA GAVETA
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