E das cismas cíclicas em revisitas anunciadas, plantadas no extenso
quintal à minha frente, as sementes espalhadas pelo vento invadiram corredores,
quarto e sala. E cresceram como heras pelas falas, pelas paredes e subindo além
do teto, cobriram o sol, cobriram o céu e todo o seu azul de ensaio. Desde
então, busco uma escada segura e firme e com altura necessária para arrancar essas
folhas de teimosia viscosa... Antes que cubram o ferrolho das portas e janelas.
Antes que impeçam a passagem da brisa suave. Antes que enraízem na garganta e
travem definitivamente a voz. Antes que apertem os cômodos até o seu desmaio, asfixiando
sândalos, verbenas, orquídeas e outras essências várias. Antes que...
- nesse canteiro, onde faltas largas se alastram e me
despoesiam, ladainham lírios e lítio disputando atenções. -
Oscilando entre o ofício e a cura, prescrevo possíveis soluções
para esse estranho entrave: ou passo a foice nas mãos débeis que teimam regar inconstâncias
ou finco escora nos pés crescidos à sombra dos abandonos.
LADAINHA - Lena Ferreira - mar.15
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