[FLOR]IR
E sinto a madrugada
escorrer por esses olhos fim de inverno enquanto escolho a semente
certa para plantar dentro do peito. Meu grande alento no momento
é o ensaio da tímida certeza de que o sol espera-me logo a frente
mesmo que acima das densas e cinzentas nuvens...que, qual fumaça de
locomotiva, esconde o azul que, rindo, me acena; pressinto. Então, serena,
cubro-me e me deito ajeitando o pensamento fertilizado.
Adormecendo levemente, sonho com a colheita farta em
flores anestesiando dores e cansaços, perfumando os laços
renováveis. Desperto com o quarto alaranjado vivo, intenso e tão
quentinho e, de braços dados com a brisa, leve, vejo a esperança
com os dois pés no mesmo caminho...Sigo-a; há ainda um longo caminho para
[flor]ir.
FLOR[IR] - Lena
Ferreira -
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