SOU-TE

E quando vens, me abraças com palavras mansas, ternas como a brisa levemente salmourada, quase, quase maresia- essa mesma que me beija quando em mares, poesia. -
Tanto orgulho de ser seu mar, assim, idêntico em conflito...Marés tantas, ondas fartas; falta-me o ar, confesso, muitas vezes, mas não resisto a esse amar intenso e insano, tão inteiro e tão distinto...
Há vezes, penso tanto, penso muito...Um pensar inconcluso, tão confuso que nem sei se um de nós é o infinito ou se é somente pelo atrito da areia entre os dedos que a razão, que julgo vasta, escasseia e, pelos vãos, vão os segredos...
Mas quando vens entre sussurros tão macios e alarmas meus verões, cobrindo-me com suados arrepios, mudando o fuso, o eixo e o mundo, acordando outras estações já dormentes no meu peito, que livres da clausura, incitam variadas explosões, deliro!
Ah...Não sou a última nem a primeira, sei bem, mas te digo, despida de pudores e vestida de ternura: dia e noite, noite e dia, sou-te, inteira, sem escudo ou armadura...


SOU-TE - Lena Ferreira- dez.13

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