RENITENTE
Um
monte de talvez ao pé da porta, que abre e fecha ao sabor de
qualquer vento, mistura-se às perguntas sem respostas, e evocam o
sentimento clandestino em doidas e vãs considerações.
É
quando a madrugada, fria e longa , prolongando, em agonia, o
pensamento da alma que no tempo se encosta, - portanto, já perdera o
senso e o tino - convoca as mais estranhas reações: olhos pisados
por um passado renitente, mãos suadas por uma espera inútil, pés
bêbados pelo passo tolo, fútil e o peito aflito em reticentes
pulsações.
Quase
morta com o vai e vem da porta, (que, resistente, não fecha) observa, ainda, o
vão do não que tudo importa. E a brecha, o trinco, a chave e a
dobradiça enferrujada cobrando, insistentemente, a
solução.
Então,
à duras penas, socorre as lágrimas sinceras que escorrem nessa hora
e abdica da inútil espera. E de tudo, o resto, outra conduta. E,
enquanto a calma, mesmo que breve, lhe acena, levanta resoluta, bate
a porta e vai embora...
RENITENTE
– Lena Ferreira – mai.14
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