ESBOÇO
Recolheu cada um dos estilhaços de tudo que foi um dia
e cortando-se, nem mais tentou estancar a hemorragia;
nas mãos sangrando, certas certezas virariam cinzas
Enquanto dúvidas ardiam como brasas vivas nos seus pés,
luas seguiam se alternando na órbita do seu pensamento
e o sol de dentro, de tempo em tempo, recusava-se a acordar
Em que mundo andei enquanto tudo aquilo acontecia?
Onde estiveram esses meus olhos quando mais era preciso?
- perguntas batiam à porta; respostas saltavam pela janela -
Um esboço em primária aquarela disposto na mesa no canto da sala
falava de um profundo abismo bebido a largos goles de vertigens
emoldurado por espinhos virgens que lhes servira de abrigo
Eis no esboço, suponho, a pista mais crua, na vista e tão nua:
enquanto tudo acontecia, bebia o abismo do mundo da lua
e, bêbados, entorpecidos, os olhos orbitam somente o umbigo
ESBOÇO – Lena Ferreira – jul.14
e cortando-se, nem mais tentou estancar a hemorragia;
nas mãos sangrando, certas certezas virariam cinzas
Enquanto dúvidas ardiam como brasas vivas nos seus pés,
luas seguiam se alternando na órbita do seu pensamento
e o sol de dentro, de tempo em tempo, recusava-se a acordar
Em que mundo andei enquanto tudo aquilo acontecia?
Onde estiveram esses meus olhos quando mais era preciso?
- perguntas batiam à porta; respostas saltavam pela janela -
Um esboço em primária aquarela disposto na mesa no canto da sala
falava de um profundo abismo bebido a largos goles de vertigens
emoldurado por espinhos virgens que lhes servira de abrigo
Eis no esboço, suponho, a pista mais crua, na vista e tão nua:
enquanto tudo acontecia, bebia o abismo do mundo da lua
e, bêbados, entorpecidos, os olhos orbitam somente o umbigo
ESBOÇO – Lena Ferreira – jul.14
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