QUADRO

O quadro pendurado na parede lembra-me a sede( a saliva, a língua à míngua) de um ser que busca, a qualquer custo, a liberdade mas, tanto alarde, em cada passo um novo susto.
Pintados, passarinhos, borboletas, folhas, rio, chuva, vento todos soltos na moldura, se movimentam e o pensamento preso fora da clausura cada vez mais atormenta...
Ah, quem dera ser um ser só de ternura e com brandura estenderia as mãos, os dedos e, delicada, abriria a sala-cela e essa aquarela saltaria para a vida.
Mas não.
Permanecerão, sei lá por quanto tempo, decorando a parede, fomentando a seca e a sede torturando o pensamento, aguardarão o movimento, a atitude para que o quadro, perdurado, finalmente mude.

QUADRO – Lena Ferreira – abr.14

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