CAIS
A
voz do barco ancorado na beira do cais
lembra-me
os ais alicerçados em aflições dementes
de
quem lamenta inevitáveis chuvas, temporais
levando
tudo o que supunha firme à sua frente
Recorda
o tempo em que desafiava vendavais
ao
recortar os sete mares, imponente,
juntando
glórias desse mundo e de outros mais
atravancava,
com o passado, o seu presente
A
voz do barco ancorado, engasgada em ais
me
parte o peito em fatias reticentes;
sei
da sua força, impoluta, que é bem mais, bem mais
do
que esse orgulho que a torna deprimente
CAIS
- Lena Ferreira - jan.14
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