REFRÃO
Enquanto os pés
descalços distraíam-se com a areia fina das margens do Araguaia, uma voz suave, macia acariciava um passado ainda recente onde uma
chalana cortando as águas serenas do rio, levava para longe aquela morena que tinha em seus braços, agora com os olhos empoçados de mágoas(com razão, a voz dizia),
partindo em dois o seu peito. Numa conversa amena com a brisa e a paisagem, confessava lamentoso seus graves pecados: não havia cuidado como
merecia. Não havia amado como deveria. Não havia o efeito transver
o defeito no dia após dia. O jeito, por hora, era um canto mais calmo
pois quando o rio alcança a curva não tem mais volta e a revolta não
adianta nem um palmo. Então, abraçado à viola, inseparável
companheira, dedilhou as notas daquela canção onde o refrão trazia
a alma à garganta: “É preciso a chuva para florir...”
E enquanto tocava suave a
melodia, bem de levinho essa voz chovia.
REFRÃO – Lena
Ferreira – ago.14
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