quem sabe
eu nunca digo
nunca, isto é certo,
pois penso que o nunca é calvário
é peso morto, é desnecessário
é palavra que, longe, traz pra perto
uma distância
que não se imagina
e uma certeza que não é bem certa
e fecha a porta que queria aberta
e abre, à força, o que não se domina
que chamo
teimosia, simplesmente:
o nunca, como nunca, livremente
passeia pelas línguas, a seu jeito
mas, digo, vai
rendido aos costumes
pois se deitarmos, na razão, o lume
veremos no 'quem sabe' mais proveito
quem sabe - Lena
Ferreira
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