às águas das horas


***

desse agora que flutua sobre nós
tudo sei e pouco faço:
mergulho no afluente de um regato
e entrego, às águas das horas,
as demoras e os cansaços
os rechaços e os naufrágios
os presságios e os preceitos

- senhoras imparcialíssimas nesse pleito
hão de convocar nascente e foz -

 emerjo e, percorrendo as margens,
desaguo pelo que me assevera

 das horas, as águas, senhoras sinceras
me dizem, amenas:
desaguas por motivo irrelevante

 da muda de esperas plantada no peito
hão de florir as alegrias mais serenas;
precisas paciência pr’esse instante



- Lena Ferreira  -

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